Já são cinco os açudes
completamente secos na Paraíba. Além deles, outros 17 estão em situação
crítica, ou seja, com menos de 5% de água que o manancial comporta. Desde o
último junho, a falta de chuvas no Semiárido paraibano, acentuou o problema da
estiagem prolongada no Estado. Os dados são do último relatório disponibilizado
pela Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba (Aesa).
De todos os
reservatórios que já estavam com a capacidade mínima de água preenchida, apenas
o açude de Serrote, na cidade de Monteiro, permaneceu com o mesmo nível de
água, esse que não passa de 0,3%, tendo apenas 16.250 metros cúbicos. Os demais
açudes reduziram seu volume de água.
Dos 123 açudes
monitorados pela Aesa, 33 estão em observação, com menos de 20% de seu volume
total. Dentre eles, alguns dos principais reservatórios da Paraíba estão na
lista: o de Capoeira, com 17%, na cidade de Santa Teresinha (no Sertão), que
abastece a região de Patos; os açudes Engenheiros Ávidos, com 13,7%, e Lagoa de
Arroz, com 14,9%, localizados em Cajazeira (no Sertão), que fornecem água para
as cidades circunvizinhas; e o São Gonçalo com 17,3%, em Sousa (no Sertão), que
leva água para cidade. A seca que afeta os
municípios paraibanos desde 2011 deixou 44,7% dos açudes monitorados pela Aesa,
com menos de 20% da capacidade de armazenamento de água.
De acordo com o
superintendente de Regulação da ANA, Rodrigo Flecha Ferreira Alves, esse é a
pior seca nos últimos 30 anos. Ele alertou caso não haja um período de chuvas
de janeiro a maio em 2014, para recuperar os reservatórios, a situação ficará
gravíssima.
Para garantir o
abastecimento para as pessoas, a ANA restringe o uso da água para atividades
produtivas como a irrigação e a piscicultura. A agência acompanha a situação 45
açudes e seis rios de domínio federal no Semiárido do Nordeste. Do total, em 16
açudes e três rios são obedecidas as regras da ANA, abrangendo 91 municípios e
cerca de 1,9 milhão de pessoas.
A restrição de uso
mais recente foi determinada na segunda-feira (7) para o Rio Piranhas-Açu, que
corta a Paraíba e o Rio Grande do Norte, e para os açudes de Coremas e Mãe
D’Água, ambos na Paraíba, que estão com 34% e 33% da capacidade de
armazenamento de água, respectivamente.
Desde a semana
passada, nas cidades de Coremas, Pombal, Cajazeirinhas, Paulista e São Bento,
na Paraíba, e Jardim Piranhas e Jucurutu, no Rio Grande do Norte, a água só pode
ser retirada do rio e dos açudes para qualquer atividade produtiva três vezes
por semana das 2h às 11h. A recomendação da ANA é que não seja feita irrigação
entre as 11h e as 17h, pois, nesse período, muita água é perdida por
evaporação. A agência também alerta para que nenhum novo tipo de cultura seja
iniciado neste momento devido à possibilidade de não haver água suficiente.
“A prioridade de uso
dos açudes é para abastecimento humano e consumo animal. É muito importante que
os agricultores implementem tecnologias de uso eficiente da água. Não se pode
ter no semiárido irrigação por inundação”, disse o superintendente. Segundo
ele, a ANA monitora constantemente o nível da água para acompanhar o
cumprimento das medidas.
Segundo o ministério,
desde janeiro de 2012, o governo destinou R$ 916 milhões para a Operação
Carro-Pipa. Sob a coordenação do Exército, foram contratados 5.809 carros-pipa
para levar água a mais de 3,8 milhões de pessoas em 815 municípios. Ainda de
acordo com a pasta, o Programa Água para Todos entregou 370 mil cisternas e a
meta é construir mais 750 mil até 2014. Além disso, o programa prevê a
implantação de sistemas simplificados de abastecimento de água para comunidades
rurais de baixa renda.
O ministério informou
que o Bolsa Estiagem é pago a mais de 1,1 mil pessoas em 1.378 municípios, com
a transferência de mais de R$ 1 bilhão. O pagamento de R$ 80 é destinado a
agricultores de baixa renda que vivem em cidades atingidas pela seca. O meteorologista Mozar
de Araújo Salvador, do Instituto Nacional de Meteorologia, explicou que a seca
iniciada em 2011 ocorre por causa do Dipolo Positivo do Atlântico, fenômeno
oceânico que interfere no clima do semiárido ao deslocar a formação de nuvens
para o norte da Linha do Equador, aumentando a precipitação no Oceano
Atlântico. Assim, as chuvas têm sido
bem abaixo da média no Nordeste há três anos. Segundo ele, ainda é cedo para
dizer se a região nordestina terá mais chuvas em 2014.
Correio com Agência Brasil