Quando
recebi o convite do Thiago Macedo para ser um dos colunistas do site da cidade
em que eu e minha família fomos recebidos e já estamos a cinco anos, senti-me
muito honrado e desde já peço a Deus para honrar tal confiança. A Cidade de
Amparo já é de certa forma a minha família. Apesar de ser pessoense, sinto-me
tão à vontade em Amparo que é como se eu fosse filho daqui. E se você é Pai ou
mãe, há de convir de que não há tema melhor para se estrear uma coluna do que
esse não é verdade? Vamos começar então falando sobre filhos.
Sem
dúvida alguma vivemos em um tempo muito difícil em todos os aspectos. A
economia não está nada bem, a violência aumentando, às drogas chegando aos
lugares em que antes eram apenas notícias distantes. Dentro de um cenário como
este, torna-se cada vez mais desafiador para qualquer pai ou mãe criar filhos.
Em plena era digital é comum encontrar pais e filhos como protagonistas de
histórias postadas em redes sociais. E nem sempre são belas histórias. Algumas
engraçadinhas, outras passando dos limites e outras pra lá de apelativas. Hoje
mesmo, pouco antes de lhes escrever esse artigo, vi um vídeo em que o pai se
orgulhava de ter deixado seu filho de cerca de 4 anos comprar uma boneca ao invés
de um carrinho. Dizia ele: “Não importa a escolha que meu filho faça, eu sempre
o amarei”. O que a princípio parece um belo discurso, revela na verdade uma
profunda inversão de valores que vai além do tema sexualidade. Esta
concretizada na omissão do papel de educar, direcionar e guiar uma criança.
Tenho aprendido que Amor é muito mais do que ser permissivo.
Há
no mínimo duas verdades que eu quero compartilhar com vocês sobre Deus sendo
exemplo de relacionamento entre Pais e Filhos.
Primeiro:
A Bíblia diz e mostra de várias maneiras ao longo de sua história que Deus amou
ao mundo (Jo 3.16). É fato e ninguém pode ousar negar o Amor de Deus. Afinal,
Deus não tem amor. Ele é o Próprio Amor. (1Jo 4.8).
Segundo:
A Bíblia mostra que Deus age com relações de Paternidade para com a humanidade.
Ou Seja, Deus é Pai. Ele nos trata como filhos amados. E isso nos tornamos, ao
entregar-se a Ele, filhos de Deus pela adoção em Cristo Jesus (Rm 8.14).
Todavia, Deus sempre impôs limites aos seus filhos. O Amor de Deus pela
humanidade foi e é sem limites. Mas esse amor sempre foi demonstrado ao longo
da história através da imposição de limites a seus filhos. Uma coisa não exclui
a outra.
Deus
sempre usou leis e mandamentos para colocar certos limites a humanidade. No
Jardim do Éden, Ele determinou que o homem não comesse do fruto da árvore do
conhecimento do bem e do mal (E quando o homem o comeu obteve seu castigo).
Quando o povo de Israel saiu do Egito, Deus tratou de entregar a Moisés as
tábuas da Lei, para que este as repassasse (lesse) ao povo. A Lei era o limite,
mandamentos designados para organizar a vida dos Israelitas, que até então não
tinham um código de lei próprio.
Nós,
Pais e mães, podemos tirar um precioso exemplo de como o próprio Deus lida com
seus filhos. Ele sabe que se limites não forem colocados às pessoas, elas
viverão de maneira desordenada e ferirão não apenas a si mesmas mas também a
outras pessoas. Um dos problemas mais sérios nos lares onde há filhos pequenos,
adolescentes, ou até adultos, é a falta de limites. Os pais, por ignorância ou
por não quererem ter dor de cabeça ou simplesmente para agradar os filhos,
acabam por deixá-los fazerem o que quiserem. O pior acontece quando os pais
decidem fingir que não há nada de errado com eles. Quando as coisas acontecem
debaixo de seus olhos (e muitas vezes dos olhos de quem desejar ou não ver) e
simplesmente decidem não tomarem uma decisão de correção para "não piorarem
as coisas". Mas pior já ficou faz tempo. NÃO É FÁCIL SER CORRIGIDO POR
NINGUÉM EM RELAÇÃO À CRIAÇÃO DOS FILHOS. DÓI O SIMPLES FATO DE IMAGINAR QUE
TALVEZ ESTEJAMOS SENDO RELAPSOS EM CORRIGIR ALGUMAS DAS ATITUDES DE NOSSA
PROLE. Temeroso de heresia (risos), Mas gosto de pensar sobre o sentimento de
Deus frente à acusação do diabo em relação às atitudes de Jó. Deus quis mostrar
ao diabo que ele estava errado em relação a seu filho. Nós somos a imagem e
semelhança de Deus.
E sempre vamos querer defender nossos filhos. É fato que,
no caso de Jó, ele era justo. O grande problema é que para a maioria de nós
pais, nossos filhos são sempre justos. Ouvir de alguém que o seu filho não é
quem você imagina que é, não é nada confortável. Mas por vezes é necessário até
para produzir bênçãos inimagináveis na vida dele. Defender os filhos as vezes
exige defendê-los de nós mesmos. Como porém discernir se a conversa (denúncia
amiga) é de acusação ou de preocupação? Faça um simples exercício: Meu filho ou
filha me impedem de ser eu mesmo? As vezes eu passo a agir como não gosto por
algo que o meu filho fez ou não? Quem dita as regras? A hora de chegar ou sair
a algum lugar, o tom de minha voz, os lugares que eu visito, a forma que eu
trato os meus amigos e parentes... sou eu ou meu filho quem decide por mim? Eu
bato em meu filho (quando doloroso e necessário) ou meu filho bate em mim
sempre que se chateia? Se as respostas a essas perguntas não forem animadoras
para você, é sinal de que a exortação é bem vinda. Então, seja grata ou grato
ao Senhor se isso acontecer em tempo oportuno. Pois este, o tempo, é capaz de
nos revelar erros irreversíveis que por ventura venhamos a cometer. E saibamos
o seguinte: Não existem pais perfeitos. E nem filhos perfeitos! Mas sempre
podemos melhorar. Deus nos amou sem limites ao nos colocar limites.
Pr.
Jader Medeiros
Pastor
da Igreja Batista de Amparo - PB