Dilma: tudo nessa obra é grande. Mas tem uma coisa que é a
mais importante. Porque a gente mede uma obra não pela quantidade de concreto
que ela tem, pelo tamanho dos andares, mas por quem ela beneficia. E ela
beneficia 12 milhões de brasileiros e brasileiras, diretamente em 390
municípios do Nordeste. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
Há 150 anos, um político do Ceará propôs usar a água do Rio
São Francisco para combater a seca no Nordeste. A ideia foi aprovada pelo
imperador Dom Pedro II e, desde então, virou uma verdade popular que essa boa
ideia jamais sairia do papel. Mas ela está se tornando uma realidade que vai
beneficiar 12 milhões de brasileiros, afirmou a presidenta Dilma Rousseff nesta
sexta-feira (21), ao inaugurar a primeira Estação de Bombeamento (EBI-1) do
Eixo Norte do Projeto de Integração do Rio São Francisco (Pisf). Com essa
estação, o projeto chega a 77,8% das obras concluídas.
“Pois [a obra] saiu do papel”, comemorou a presidenta ao
acionar a bomba que levará a as águas verdes do “Velho Chico” por 45,9
quilômetros até o reservatório de Terra Nova, localizado em Cabrobó (PE). Dilma
apontou a grandiosidade da estação, que equivale a um prédio de 12 andares, e
de todo o projeto.
“Todos nós, que acompanhamos a evolução do Projeto de
Integração do São Francisco, sabemos que tudo nele é grandioso. Serão 477 km de
canais, 9 estações de bombeamento como esta, 27 reservatórios, 4 túneis e 14
aquedutos”. O investimento no trecho inaugurado hoje foi de cerca de R$ 625
milhões.
Ressalvou ainda que a enormidade das estruturas construídas
pelo governo no Semiárido não pode ser medida apenas pela quantidade de
concreto, pelo tamanho dos andares, mas por quem ela beneficia. O mais
importante, enfatizou a presidenta, é que 12 milhões de brasileiras e
brasileiros serão beneficiados, em 390 municípios de Pernambuco, Ceará, Paraíba
e Rio Grande do Norte. O projeto prevê a transferência de água em dois eixos,
Norte e Leste, cuja construção gerou algo em torno 9.980 empregos.
Cerca de 80 mil pessoas serão beneficiadas nas pequenas
comunidades que vivem em torno dos canais, entre pequenos agricultores rurais,
assentados da reforma agrária, populações quilombolas e população indígena.
Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
Dilma acrescentou que cerca de 80 mil pessoas serão
beneficiadas nas pequenas comunidades que vivem em torno dos canais “São
comunidades de agricultores, de pequenos agricultores rurais, de assentados da
reforma agrária, populações quilombolas e população indígena. Fizemos uma
parceria com os governadores para que a gente possa assegurar que essa obra tenha
o acesso das populações que vivem no entorno à água. Nós garantimos os recursos
e os governadores farão as obras”, enfatizou.
Equipamentos
Mais de três mil equipamentos estão em operação na área.
Junto a cada uma das 9 estações de bombeamento, haverá uma subestação de
energia, que fará a elevação da água a 36 metros, para que possa correr nos
canais. “Essa obra não é só o canal. É também a estação de bombeamento, que
tira a água daqui, do nível do rio, e leva lá para cima usando energia
elétrica. Essa estação tem12 metros, significa que a água sai daqui e, como se
entrasse num elevador, sobe 36 metros e entra no canal. para poder trazer a
água para o resto de todo esse eixo, que é o Eixo Norte”, explicou a
presidenta.
Ela previu que a obra deve ficar pronta até dezembro de 2016
e que, se esse cronograma se cumprir, convidará o ex-presidente Lula para
participar da inauguração. Porque após 150 de espera, foi preciso um nordestino
ser eleito presidente para essa grande obra contra a seca virar realidade, disse.
“Lula, de fato, queria muito inaugurar essa obra. E eu assumi com ele o
compromisso de que nós iríamos juntos inaugurá-la. E nós iremos inaugurá-la”.
“Para vocês terem uma ideia, 12 milhões [de pessoas que a
obra vai beneficiar] é mais do que a população do Paraguai e do Uruguai
somadas. É como se tivéssemos, dentro do Brasil, um Paraguai e Uruguai
beneficiados com essa obra de integração do São Francisco. Para mim, hoje é
muito emocionante ter apertado o botão [que acionou a bomba] e ter visto a água
jorrar”.