O Brasil
começou ontem a entrar numa nova era no que diz respeito aos direitos de
transmissão no futebol. O YouTube passará a transmitir a Copa del Rey, da
Espanha, também para os lados de cá. A primeira partida que será exibida é a do
Barcelona (detalhes aqui).
O negócio
representa um ponto de virada importante na questão dos direitos de mídia
esportivos. Repare bem que não dá mais para usar a expressão “direitos de TV'',
uma vez que não temos, hoje, o mesmo cenário que havia há dez anos, quando as
principais emissoras de televisão do mundo começavam a entrar em colisão com o
YouTube.
Naquela época,
a briga era pelo direito de exibir melhores momentos dos principais eventos
esportivos praticamente de forma instantânea. Sabe aquele touchdown fantástico
que só a Fox havia transmitido no Superbowl? Pois é. Dali a 10 ou 15 minutos
alguém já tinha copiado o sinal de TV e subido o lance para todo mundo ver, em
qualquer lugar, sem que os “direitos'' fossem preservados.
Hoje, pensar
que alguém queria ir contra o YouTube há dez anos parece um contrassenso. Não
era. De fato, até aquela época, as imagens em tempo real de um evento eram
restritas a quem havia pago, bem caro, por isso. Mas aí a banda de internet nas
casas foi-se alargando, as emissoras perceberam que elas precisariam fornecer
vídeos em seus sites e o negócio foi crescendo a tal ponto que o detentor do
direito de mídia de um evento arranjou um jeito de conquistar o fã do esporte
sem precisar se preocupar se o YouTube estava ou não violando suas propriedades
exclusivas.
O YouTube, com
isso, perdeu espaço. Até então, ele funcionava praticamente como a plataforma
para tudo o que circunda o meio esportivo, à exceção do evento em si. Eles não
transmitiam ao vivo, mas conseguiam mostrar todo o restante. É só ver o quanto
conseguem de exposição os canais oficiais de clubes de futebol. Não é o esporte
em si, mas a paixão pelo esporte que o YouTube compartilha e viraliza para todo
o mundo.
O ponto,
porém, é que o YouTube começa a se mostrar uma plataforma mais eficiente do que
a própria TV. O site do Google tem toda a capacidade de criar algo que dispense
ter ou não a operadora x ou y, estar ou não à frente de uma TV, etc.
O que o
YouTube representa, no lugar do modelo tradicional de transmissão em vídeo pela
TV, é a mesma possibilidade que as emissoras temiam em 2005. Ele ganha o mundo.
Tanto que, quando a liga espanhola anunciou o acordo com a Mediapro para
transmitir para 17 países via YouTube a Copa do Rei, a perspectiva é de que
isso leve a competição para 2 bilhões de pessoas, no acumulado de toda a mídia,
considerando também os acordos de TV.
No ano passado
já foi possível acompanhar o título mundial de Gabriel Medina por lá. Agora,
chegando ao futebol, a tendência é que o YouTube provoque um movimento
praticamente irreversível na questão de vermos, via internet, jogos ao vivo.
Sem precisar, para isso, apelar aos sites piratas.
Amparo Ligado com UOL Esporte