Conversando com meus alunos em sala, sobre assuntos
diversos do cotidiano, surgiu o questionamento de que normalmente, vivemos de
ilusões, lutamos, trabalhamos, damos o suor e o sangue para absolutamente nada.
Será verdade?
Plantão criou uma alegoria, conhecida como mito da
caverna, que serve para explicar a evolução do processo do conhecimento. Segundo ele, a maioria dos seres humanos se encontra
como prisioneira de uma caverna, permanecendo de costas para a abertura
luminosa e de frente para a parede escura do fundo. Devido a uma luz que entra
na caverna, o prisioneiro contempla na parede do fundo as projeções dos seres
que compõem a realidade. Acostumado a ver somente essas projeções, assume a
ilusão do que vê as sombras do real, como se fosse a verdadeira realidade.
Se escapasse da caverna e alcançasse o mundo luminoso
da realidade, se libertaria da ilusão. Mas estando acostumado às sombras, às
ilusões, teria que habituar os olhos à visão do real: primeiro olharia as
estrelas da noite, depois as imagens das coisas refletidas nas águas
tranquilas, até que pudesse encarar diretamente o Sol, e enxergar a fonte de
toda a luminosidade.
Segundo Platão, somente os filósofos – eternos
buscadores da verdade – é que teriam condições de libertar-se da ilusão do
mundo sensível e atingir a plena sabedoria da realidade. Por isso, no seu livro
República, imaginou uma sociedade ideal, governada por reis-filósofos – pessoas
capazes de atingir o mais alto conhecimento do mundo das ideias, que consiste
na ideia do bem.
Platão localiza
na psique três seções correspondentes a divisão do estado: a RAZÃO, a VONTADE,
e as PAIXÕES. Cabe a razão descobrir as leis que regem o homem, a tarefe de
executá-las, espera-se que as paixões as cumpram. A vontade regida pelas
paixões leva a desmandos semelhantes aos que ocorrem no estado governado pelo
povo.
Ora, se Platão tinha ou não razão a época, argumentos
para convencer seus contemporâneos, isso não se discute, porém, nos dias de
hoje percebe-se sem nenhum um esforço que muitos preferem viver de ilusões de
que a realidade dura do cotidiano. Cabe a nós humanos e mortais a prática de
querer mudar. De transforma o que está perdido, em realidade deferente,
livrando-se do mundo ilusório, pregado pelo Mito da Caverna.
Obviamente não cair na tentação de fecha-se ao novo, de
retrucar novos horizontes, sentir-se ofendido porque foi questionado por alguém
que pensa diferente do seu mundo secular. Certamente muitos preferem viver nas
sombras ilusórias, a fazer um esforço em buscar a luz que irradia a vida, que
abre portas e transforma o dia-a-dia.
Frequentemente ouvimos a expressão que alguém se
encontra angustiado, deprimido, sem rumos, sem projetos, marcados pelas
relações do homem com o mundo – outros seres humanos e a natureza – são
denominadas pela angústia, que é
entendida como o sentimento profundo pelo qual percebemos a instabilidade de
vivermos num mundo de acontecimentos possíveis, sem garantia de que
nossas expectativas serão realizadas. ‘’No possível, tudo é possível. ’’ Assim,
vivemos num mundo onde tanto é possível a dor como o prazer como o bem como o
mal, o amor como o ódio, o favorável como o desfavorável.
Neste sentido a relação do homem consigo mesmo é
marcado pela inquietação e pelo desespero. Isso por duas razões fundamentais:
ou porque o homem nunca esta plenamente satisfeito com as possibilidades que
realizou, ou porque não conseguiu realizar o que pretendia, esgotando os
limites do possível e fracassando diante de suas expectativas.
Assim, a relação do homem com Deus seria talvez a única
via para superação da angústia e do desespero, um meio de justificar seus
fracassos permanecendo no mundo da
ilusão. Contudo, é marcada pelo paradoxo
de compreendermos pela fé o incompreensível pela razão.
Resta-me a ultima abordagem: viva o presente, não se
preocupe com futuro, pois, nem sabe se ele virá. VIVA O PRESENTE E AS ILUSÕES
NUNCA MAIS.
VERINALDO ENEAS DA COSTA
Professor da rede
publica/Filósofo.