Para que viver de Ilusões? Por Verinaldo Enéas

Conversando com meus alunos em sala, sobre assuntos diversos do cotidiano, surgiu o questionamento de que normalmente, vivemos de ilusões, lutamos, trabalhamos, damos o suor e o sangue para absolutamente nada. Será verdade?

Plantão criou uma alegoria, conhecida como mito da caverna, que serve para explicar a evolução do processo do conhecimento. Segundo ele, a maioria dos seres humanos se encontra como prisioneira de uma caverna, permanecendo de costas para a abertura luminosa e de frente para a parede escura do fundo. Devido a uma luz que entra na caverna, o prisioneiro contempla na parede do fundo as projeções dos seres que compõem a realidade. Acostumado a ver somente essas projeções, assume a ilusão do que vê as sombras do real, como se fosse a verdadeira realidade.

Se escapasse da caverna e alcançasse o mundo luminoso da realidade, se libertaria da ilusão. Mas estando acostumado às sombras, às ilusões, teria que habituar os olhos à visão do real: primeiro olharia as estrelas da noite, depois as imagens das coisas refletidas nas águas tranquilas, até que pudesse encarar diretamente o Sol, e enxergar a fonte de toda a luminosidade.

Segundo Platão, somente os filósofos – eternos buscadores da verdade – é que teriam condições de libertar-se da ilusão do mundo sensível e atingir a plena sabedoria da realidade. Por isso, no seu livro República, imaginou uma sociedade ideal, governada por reis-filósofos – pessoas capazes de atingir o mais alto conhecimento do mundo das ideias, que consiste na ideia do bem.
 Platão localiza na psique três seções correspondentes a divisão do estado: a RAZÃO, a VONTADE, e as PAIXÕES. Cabe a razão descobrir as leis que regem o homem, a tarefe de executá-las, espera-se que as paixões as cumpram. A vontade regida pelas paixões leva a desmandos semelhantes aos que ocorrem no estado governado pelo povo.

Ora, se Platão tinha ou não razão a época, argumentos para convencer seus contemporâneos, isso não se discute, porém, nos dias de hoje percebe-se sem nenhum um esforço que muitos preferem viver de ilusões de que a realidade dura do cotidiano. Cabe a nós humanos e mortais a prática de querer mudar. De transforma o que está perdido, em realidade deferente, livrando-se do mundo ilusório, pregado pelo Mito da Caverna.

Obviamente não cair na tentação de fecha-se ao novo, de retrucar novos horizontes, sentir-se ofendido porque foi questionado por alguém que pensa diferente do seu mundo secular. Certamente muitos preferem viver nas sombras ilusórias, a fazer um esforço em buscar a luz que irradia a vida, que abre portas e transforma o dia-a-dia.

Frequentemente ouvimos a expressão que alguém se encontra angustiado, deprimido, sem rumos, sem projetos, marcados pelas relações do homem com o mundo – outros seres humanos e a natureza – são denominadas pela angústia, que é entendida como o sentimento profundo pelo qual percebemos a instabilidade de vivermos num mundo de acontecimentos possíveis, sem garantia de que nossas expectativas serão realizadas. ‘’No possível, tudo é possível. ’’ Assim, vivemos num mundo onde tanto é possível a dor como o prazer como o bem como o mal, o amor como o ódio, o favorável como o desfavorável.

Neste sentido a relação do homem consigo mesmo é marcado pela inquietação e pelo desespero. Isso por duas razões fundamentais: ou porque o homem nunca esta plenamente satisfeito com as possibilidades que realizou, ou porque não conseguiu realizar o que pretendia, esgotando os limites do possível e fracassando diante de suas expectativas.

Assim, a relação do homem com Deus seria talvez a única via para superação da angústia e do desespero, um meio de justificar seus fracassos permanecendo no mundo  da ilusão. Contudo, é marcada pelo paradoxo de compreendermos pela fé o incompreensível pela razão.

Resta-me a ultima abordagem: viva o presente, não se preocupe com futuro, pois, nem sabe se ele virá. VIVA O PRESENTE E AS ILUSÕES NUNCA MAIS. 

VERINALDO ENEAS DA COSTA
Professor da rede publica/Filósofo. 

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem
Amparo Ligado