O paradigma do choro; por Verinaldo Enéas

Quando se estuda a psicofisiologia na experiência do choro e o efeito das lagrimas na experiência emocional, percebe-se que as pessoas choram em determinadas situações. Frequentemente as mulheres demonstram muito mais suas lagrimas que os homens. 

Obviamente o procedimento emotivo depende da intensidade da emoção, das circunstancias, também do lugar, aonde se pode chorar, normalmente isolados, evitando lagrimas em publico.

O ser humano não deve reprimir suas emoções. A premissa de que ‘’homem não chora’’ é extremamente contraditória.  Os fatos mostram ao contrario, basta lembrar a atitude do JESUS CRISTO, o maior homem da história da humanidade.

No Novo Testamento encontramos Jesus que chora sobre Jerusalém narrado em Lc 19,41 e chora a morte de seu amigo Lázaro. Vejamos este último versículo de João 11, 35 que revela o lado humano de Jesus:

Considerado um dos menores versículos da Bíblia, temos o sujeito da frase: Jesus e o verbo, entretanto nos revela uma das maiores verdades com respeito à personalidade de Jesus. Jesus Cristo se fez uma pessoa normal, semelhante aos homens e mulheres de seu tempo, mas cheio do Espírito Santo de Deus. Como todo ser humano Ele ficou cansado nas longas caminhadas pelos desertos da Palestina, sentiu fome, precisou dormir, a dor e a tristeza se abateram sobre ele, saudade de um amigo como do episódio da ressurreição de Lázaro, em fim o Filho de Deus se fez uma pessoa comum semelhante a qualquer pessoa humana. Pensar desta forma é muito importante no cristianismo, "Jesus se fez homem", porém para muitos cristãos ainda imaginam Jesus ressuscitado como uma pessoa sem sentimentos, que não chora (sinônimo de fraqueza) distante dos homens e mulheres, mas a verdade é esta de Hebreus 13,8:

“Jesus Cristo é o mesmo, ontem e hoje; ele o será para a eternidade” (Hebreus 13,8) Bíblia de Jerusalém.

Jesus que chorou um dia ao ver a dor dos seus amigos, revelando seu lado humano, ainda chora por nós hoje, ainda fica triste com as nossas tristezas, se alegra quando nos alegramos e vencemos as dificuldades. O episódio da ressurreição de Lázaro que mostrar a personalidade de Jesus, Ele não é indiferente a dor de outras pessoas, de seu amigo que morreu, ele foi sensível e chorar ao ver a dor de Maria e Marta quando morreu o amigo Lázaro.

No decorrer da historia, alguns pensadores defenderam a ideia que o corpo era um composição composto de cabeça, tronco, membros, músculos, ossos e vísceras. Durante muitos séculos, a busca de exames e doenças ficou restrita ao corpo físico, até parecia que as pessoas não tinham SENTIMENTOS.

Com a evolução da humanidade, passamos então a um corpo animado, vivo, dotado de sentimentos e emoções. Um corpo como fenômeno. Ao pegar a mão da namorada o rapaz não está apenas tocando na pele, articulações, músculos e vasos. Esta é a mão de quem ama. Ao sentir o toque, a carícia, a maciez, ele estará recebendo o afeto que lhe é dirigido.

O corpo, na opinião de muitos especialistas, não é só uma máquina, como diz a ciência newtoniana no paradigma cartesiano, tampouco uma culpa como nos fez crer a religião. Preferimos dizer que o corpo é uma festa, um templo, uma fonte de emoções e sentimentos, que nos fazem sorrir, chorar e viver... O cantor Cazuza dizia: “Não sei se choro, sumo ou finjo que estou bem.” Ele pode até ter cantado, mas dificilmente se consegue engolir o choro e colocar um sorriso falso no rosto por muito tempo.

Na opinião Aristotélica quando as lágrimas não descem pelos olhos elas podem até petrificar interiormente - abrindo uma ferida no corpo, trazendo consequências drásticas para o resto da vida.

Portanto, viva com muita intensidade cada momento da vida. Se alegre quando for necessário, fique triste quando a situação couber, e Chore quando o corpo pedir, afinal você não é maquina, mas sim, um ser Humano.


VERINALDO ENEAS DA COSTA 
(Professor de Filosofia)

3 Comentários

  1. Sabias palavras Professor, muito lindo o artigo.

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    1. Junior, muito obrigado pelo o elogio e sempre aberto para ouvir e debater qualquer assunto.

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