No decorrer da
história o preconceito sempre se fez presente. Por outro lado tem sido um tema
de debate entre estudiosos, pesquisadores, filósofos, psicólogos, autoridades
de diversos segmentos, entre outros. Observa-se que o
tempo passou, todavia os valores são outros, porém, o preconceito continua no
meio da sociedade, entre todas as camadas sociais.
O preconceito existe
colado à ignorância, são irmão gêmeos, quase o mesmo DNA. O preconceito não se
reduz a uma ideia pré-concebida, ele também é emocionalmente desenvolvido. O
preconceito tem essas duas faces, é falta de conhecimento e é produtor de
desafeto.
O preconceito ao exigir pouca desenvoltura da razão
utiliza a repulsa da emoção para se materializar, perpetuando, historicamente construído
e compartilhado. É sedutor e fluente
porque exige pouca reflexão e compreensão da realidade.
Voltaire
disse que o preconceito é uma opinião não submetida a razão. Tornou-se crença,
tem origem inconsciente, não se apóia em nenhuma evidência. Não requer trabalho, é parente da preguiça, diferente do conhecimento.
O
preconceito é inquisidor, pré-julga e pode torturar ou matar, sem nenhuma
legitimidade para tal, é dotado certezas. É apressado e contagioso, só se
reproduz onde é aceito. Nós,
individualmente e em grupos sociais, aceitamos o preconceito? Naturalizamos
aquilo que de natural não tem nada?
Estamos evoluindo ao diminuir os espaços em que o preconceito é aceito, ou
estamos perdendo a briga? A
inteligência humana, para além da sua concepção técnica, é incompatível com a
intolerância.
O preconceito é a destreza do desprezo, é a casa do descaso. É a indiferença na
sua excelência, é o pior que temos para oferecer como espécie.
O
único aspecto alentador de tudo isso é que o preconceito é desmontável, pode
ser desfeito, invalidado. Basta mente e coração aberto, oportunidades, estudo,
vontade e uma humana coragem.
vivemos
num momento que parece não existir nenhum constrangimento em ser preconceituoso
ou demonstrar discriminações. Seja o racismo, a homofobia, o machismo, a
gordofobia e outros "ismos" e "fobias", são apresentadas de
uma maneira quase natural (ou será mesmo considerada normal?) por aqueles que
justificam fazer uso da "liberdade de expressão". Ofender o outro é
permitido, segundo essa justificação. O incentivo a essa prática de
"liberdade" (desculpem-me tantas aspas) cresce à medida que
humoristas, políticos, religiosos, cantores e outras personalidades públicas
exercem esse "direito" de humilhar aqueles que fogem do padrão aceito
ou insinuar que não merecem respeito.
Quantas
vezes ouvimos, quando criança, que homem não chora, que meninos não brincam de
bonecas, que a cor que simboliza o masculino é azul. Enfim, desde a infância, a
lavagem cerebral acontece com o propósito de criar o macho ideal: aquele que
anda pelas ruas cuspindo no chão ou coçando o saco em público. Isso para não
falar que esse tipo tem a obrigação de olhar para uma bela mulher, com a
intenção de ficar com ela. Mesmo que jamais consiga. Afinal, é preciso mostrar
que é muito homem.
Grosseria, palavra que deve definir o
que é ser homem de verdade. Educação e cortesia exageradas ou a demonstração de
afeto são coisas que um homem hétero jamais poderá ter. Caso contrário, o risco
de ser considerado gay é enorme. E, pelo que presenciamos, é arriscado mesmo
ser visto como um homossexual, pois, devido a violência contra esses, pode-se
sofrer toda sorte de discriminação.
O ser
humano gosta de julgar, fazer papel de juiz, olhar a vida dos outros,
esquecendo de cuidar de sua própria vida. Fica o
convite a todos para uma reflexão. Evite JULGAR, faça uma auto avaliação de sua
própria pessoa, da sua conduta, do seu comportamento como cidadão, como ser
humano. O papel de julgar cabe a justiça, mediante as leis, e principalmente a
Deus juiz do universo. Assim, teremos uma sociedade mais justa e fraterna.
(O
Presente texto tem como base os artigos de Carlos Beloto e Gregório Grisa,
colunistas conceituados).
Verinaldo Enéas