O Laboratório
de Estudos e Gestão de Águas e Território, vinculado ao Departamento de Geociências
da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), criou um serviço de produção e
divulgação de mapas e dados com a espacialização e a evolução dos casos
oficiais da Covid-19 na Paraíba.
O professor
Pedro Viana explica que a análise dos dados mostra que, na Paraíba, o vírus se
difundiu do leste para o oeste e, diferente do que ocorreu no planeta, em que o
vírus se expandiu por meio do transporte aéreo, no estado, esse deslocamento se
deu pela malha rodoviária, principalmente a BR-230. Já os polos regionais ao
longo da BR-230, como Campina Grande, Patos, Sousa e Cajazeiras, tornaram-se
novos centros de disseminação, em caráter regional.
A execução
do mapa está sob a responsabilidade de alunos de graduação, mestrado e
doutorado do Programa de Pós-graduação em Geografia da UFPB. O trabalho vem
sendo desenvolvido desde o dia 2 de abril. Uma parte das atualizações é feita
por rotinas automáticas que buscam e capturam dados de sites oficiais do
governo federal e da Paraíba, principalmente os dos boletins da Secretaria de
Estado da Saúde da Paraíba.
Esses dados
são então filtrados, analisados e inseridos em ambiente de Sistema de Informação
Geográfica (SIG) para a geração dos mapas. O último, disponibilizado neste
domingo (17), registra 194 óbitos, 11 a mais do que no mapa do sábado (16), que
contabilizava 183 óbitos.
Segundo análise
do professor Pedro Vianna, a falha no acompanhamento dos primeiros casos, com a
ausência de exames, não permite saber se o principal meio de entrada do vírus
na região de João Pessoa foi pela via aérea, originário de São Paulo ou de Brasília,
ou pela BR-101, vindo da região metropolitana de Recife (PE).
Conforme a
análise do professor, a região de João Pessoa expandiu o vírus pelo seu entorno
e se tornou uma vasta zona de contágio, contribuindo para isso sua morfologia
urbana, com aglomeração urbana com alta densidade populacional.
De acordo
com os estudos, há mais de 80 favelas na capital. O alto grau de verticalização
nas zonas de classe média e alta do litoral obriga o uso de áreas comuns como
elevadores, relevantes na disseminação do vírus.
Outros
fatores que colaboram para a propagação da doença, na avaliação do professor
Pedro Vianna, são a estrutura interna da rede de distribuição de serviços e
mercadorias, principalmente a de alimentos, ainda fortemente marcada pela
presença de mercados municipais e feiras livres em diversos bairros, quebrando
o distanciamento social.
Outro
problema é a disponibilidade hídrica. Em zonas que não são atendidas por rede
de água tratada, as pessoas não têm como fazer a higienização para prevenir o
contágio.
O professor
Pedro Vianna explica que, com a suspensão das atividades presenciais, o
conhecimento técnico de Geotecnologia, uma das linhas de trabalho do laboratório,
que normalmente é destinado à análise sobre os recursos hídricos, foi aplicado
para acompanhar a crise da saúde.
Ele entende
que o trabalho diário para produção dos mapas é mais um esforço da UFPB no
enfrentamento da Covid-19. Ao mesmo tempo, mantém os discentes em atividade,
usando as ferramentas de Geotecnologia. “O objetivo do mapa é fornecer um
acompanhamento ao Governo do Estado da evolução espacial, como o vírus se
espalhou”, frisa o professor.
Os mapas são
elaborados pelos estudantes Francisco Segundo Neto (doutorado), Maria Cecilia
Silva (doutorado), Thiago Farias (mestrado) e Arthur Santos (graduação).
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