Em Isaías 61.1, o Senhor separa aquele que escolheu
para levar o evangelho às pessoas e diz a ele para pregar as boas-novas aos
mansos, aos que ouvem a mensagem com atenção. Notadamente, o Senhor tem o
cuidado de não desperdiçar tempo nem Suas preciosas mensagens contidas no
evangelho. Então, Ele envia o Seu mensageiro para pregar aos que recebem a
Palavra de Deus de bom grado e com mansidão.
É preciso que o cristão tenha o espírito de discernimento
para saber ler o modo e a circunstância. Pode ser que você encontre alguém tão
insensível à Palavra do Senhor Jesus que pregar para ele só fortalecerá a sua
incredulidade. Entretanto, você também pode encontrar uma pessoa, até mesmo em
estado ébrio, carente, doído, necessitado, pedindo-lhe oração. Nesse caso, ao
atender essa pessoa, fazendo-o com fé, você não estará jogando pérolas aos
porcos, porque o Senhor Jesus diz: “Dá a quem te pedir”; e: “Vinde
a mim, todos os que estais cansados” (Mateus 5.42 e 11.28 | ARC).
No entanto, precisamos estar atentos para o princípio
de justiça do Senhor Jesus. Ele quer que as pessoas tenham firmeza na Sua Palavra
pura ao ouvi-la e atendê-la, para que sejam saudáveis na fé. Quando Pedro, ao
andar sobre as águas, ia afundando por conta do vento, o Senhor o repreendeu,
depois de o ter acudido, dizendo: “Homem de pequena fé, por que duvidaste?”
(Mateus 14.31 | ARC) É como se o Senhor estivesse dizendo a Pedro: “Seja
firme ao pôr seus olhos em Mim; não desvie o olhar para nada mais, não olhe
para o vento, não tema os problemas, porque eles não são mais fortes nem
maiores do que Eu”.
A rigorosidade dos princípios da fé não permite que
ninguém rejeite a verdade do evangelho. Em Mateus 7, nos primeiros cinco versículos,
o Senhor Jesus condena o julgamento hipócrita feito por aquele que ainda vive na
prática do pecado e tem por costume julgar os outros. Entretanto, no versículo
6 do mesmo capítulo de Mateus 7, Ele ordena: “Não deis aos cães as coisas
santas, nem deiteis aos porcos as vossas pérolas; para que não as pisem e,
voltando-se, vos despedacem” (ARC). Chega o momento no qual o remido,
enviado a divulgar o evangelho, é levado a julgar, pelo Santo Espírito que nele
habita, através da reta justiça.
Os cães no tempo bíblico não dispunham da relação doméstica
de hoje, exceto aqueles usados no pastoreio. Em geral, eles eram semisselvagens,
considerados animais impuros, sardentos, que viravam carcaças. Não eram
admitidos nem mesmo nos templos pagãos. O máximo que lhes concediam eram as
coisas profanas e impuras, carnes dilaceradas no campo por outros animais. “E
ser-me-eis homens santos; portanto, não comereis carne despedaçada no campo;
aos cães a lançareis” (Êxodo 22.31 | ARC). Os santos não ouvem a
mensagem misturada, despedaçada, não se alimentam como os cães. A mensagem
parece dura, mas não é; ela é justa, reta, pura e purificadora.
Os porcos são indiferentes às pérolas e os cães
despedaçam as coisas santas. A mensagem não faz nenhum sentido para os de
coração endurecido; para eles, contestá-la é o seu prazer, porque não a aceitam
em sua vida.
O cristão sábio, aquele que por Cristo Jesus diferencia
o tempo e o modo dos atos, observa as circunstâncias do coração daqueles que
podem receber as boas notícias do Senhor, identificando neles a mansidão para
ouvir o evangelho de Cristo Jesus. Embora o Senhor Jesus nos ordene pregar o
evangelho a toda criatura, esse termo “toda criatura” está consignado aos
“mansos de coração”, que recebem a pregação da mensagem do Senhor de bom grado.
Quem tem ouvidos ouvirá. Amém.
Na
alegria do Senhor, que é a nossa força,
Abdias
Campos, servo do Deus vivo