Lula diz que presidente do BC 'não tem compromisso com o Brasil', e sim 'com aqueles que gostam de taxa de juros alta'


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou neste sábado (6) que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, "não tem compromisso com o Brasil", e sim, com o governo Jair Bolsonaro, "que o indicou".

Lula disse ainda que, na visão dele, Campos Neto tem compromisso também "com aqueles que gostam de taxa de juros alta, porque não há outra explicação". E comparou a atuação de Campos Neto com a de Henrique Meirelles, que presidiu o BC nos mandatos anteriores de Lula.

"Duvido que esse cidadão [Campos Neto] tenha mais autonomia que o Meirelles teve. Só que o Meirelles tinha responsabilidade de ter um governo discutindo com ele, olhando as preocupações. Esse cidadão não tem", disse Lula.

"Ele não tem nenhum compromisso comigo, tem compromisso com quem? Com o Brasil? Não tem. Tem compromisso com o outro governo, que o indicou. Isso é importante ficar claro. E tem compromisso com aqueles que gostam de juro alto, porque não há outra explicação", prosseguiu.

Lula deu as declarações em entrevista coletiva no Reino Unido, para onde viajou em razão da coroação do rei Charles III. O presidente retorna ao Brasil ainda neste sábado.
Ainda, ainda falando sobre a política de juros, Lula disse que "não bate" no Banco Central como instituição, mas sim, na política adotada pelo banco em relação à taxa de juros.

Nesta quarta (3), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a taxa básica de juros em 13,75%, patamar constante desde agosto de 2022. É a maior da taxa de juros do mundo em termos reais (ou seja, descontada a inflação de cada país).

Neste sábado, Lula também criticou afirmações recentes de Campos Neto de que, para o país atingir a meta de inflação na casa dos 3%, teria que elevar os juros para algo próximo de 20%.

"Está louco? Esse cidadão não pode estar falando a verdade. Então, se eu como presidente não puder reclamar dos equívocos do presidente do Banco Central, quem vai reclamar? O presidente americano? Me desculpem, o Banco Central tem autonomia, mas não é intocável", disse Lula.

A taxa de juros, administrada pelo Banco Central, é um dos principais instrumentos do país para controlar a inflação. Quando os juros sobem, o crédito (empréstimos) fica mais caro e as empresas investem menos, o que ajuda a conter a alta de preços – mas também reduz a geração de emprego e o crescimento da economia.

G1 Brasília

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