Pacientes que faltam e não desmarcam o atendimento prejudicam quem depende do SUS


Três em cada dez pacientes que têm uma consulta ou um exame marcado no SUS faltam e não desmarcam o atendimento. Essa prática acaba prejudicando quem depende da rede pública.

Uma fila que demora para andar. Desde fevereiro de 2023, a diarista Marinalva Maria Carvalho Silva espera por uma consulta com um dermatologista pelo SUS em São Paulo. Conseguiu uma data só de atendimento online para o dia 19 de fevereiro.

“Estou com uma mancha nas costas que coça muito e estou esperando uma vaga há um ano pelo postinho. Eu acho uma falta de respeito”, afirma.

Na tela do computador, um outro lado do problema. Enquanto muitos esperam, tem paciente que não aparece no dia marcado.

“A demanda de atendimento ela é muito grande. E quando as pessoas não avisam, a gente tem esse problema com a agenda”, conta Jussara de Oliveira Lima, gerente de unidade de saúde.

Esse não é o único motivo para espera por atendimento na rede pública, mas em um sistema que já tem muita procura por consultas, faltar e não avisar atrapalha. O paciente que não aparece pega o horário de outros, aumentando para eles ainda mais a demora.

Em um posto, os atendentes sempre alertam que é preciso desmarcar e que dá para fazer isso por telefone ou pelo aplicativo da Prefeitura de São Paulo. Mas nem sempre resolve. O posto colocou até cartaz para conscientizar.

Em janeiro, de mais de 3,1 mil pacientes com consulta agendada na unidade, 1,2 mil faltaram. A gerente Pâmela Aparecida de Souza, que está com a consulta dos filhos marcada só para abril, não sabia que tanta gente fazia isso.

“É muito sem responsabilidade. Tem que pensar no próximo também”, afirma.

Um levantamento da produção do Jornal Nacional em 20 capitais mostrou que em 2023, em média, de cada dez pacientes com consulta ou exame agendado, três faltaram e não desmarcaram.

No Recife, a Secretaria de Saúde está fazendo campanha para diminuir as faltas e diz que telefona para confirmar a consulta ou exame.

“Nós estamos investindo muito nesse processo de estar chegando mais próximo do usuário. A gente percebeu que houve uma diminuição importante de ausências. Chegava a uma perda de 60%. Hoje, está em um patamar em torno de 45% para consultas e 35%, mais ou menos, para exames”, conta Roseane Lemos, gerente de Regulação do Recife.

Em algumas capitais dá para cancelar a consulta pelo aplicativo da Secretaria Municipal de Saúde, como em Curitiba. Mas lá há um limite para as faltas.

“Ele pode cancelar e, se ele cancelar por mais outras duas vezes, na outra vez ele já vai ter que reiniciar o seu processo, um novo encaminhamento para aquela especialidade que foi reservada a consulta”, explica Beatriz Battistella, secretária de Saúde de Curitiba.

Segundo o presidente do Conselho Nacional das Secretarias Municipais de Saúde, manter o cadastro atualizado permite que os agentes entrem em contato para confirmar as consultas. Hisham Hamida lembra que as ausências também representam prejuízo.

“A partir do momento que o usuário, a comunidade, não utiliza mesmo agendado, eu estou tendo um desperdício de recurso público naquele momento. Esse desperdício tem um comprometimento muito grande no orçamento geral do SUS, que é um patrimônio de todos e que a gente tem que ter um cuidado para não ter desperdício”, afirma Hisham Hamida, presidente do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde.

com G1

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