A vida
com Cristo começa quando Ele nos escolhe, e prossegue com a nossa renúncia à
vida secular para segui-lO. Sem renunciarmos a vida secular não há vida com
Cristo, e nem adianta tentarmos encontrá-la de outra maneira, porque estaríamos
só nos enganando. A vida com Cristo não é, nunca foi e jamais será fazer parte
de uma religião só porque nos identificamos com ela; também não é dar sequência
a uma tradição familiar. Deus nos escolhe individualmente; aí, abrimos o nosso
coração e vamos dar frutos. “Não fostes vós que me escolhestes a mim;
pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que
vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça” (João 15.16a | ARA). Alguém
pode ser escolhido e não aceitar a escolha? Pode. Preste atenção no que o
Senhor Jesus Cristo disse: “Então Jesus lhes disse: — Não é fato que eu
escolhi vocês, os doze? Mas um de vocês é um diabo” (João 6.70 |
NAA). Quando não se aceita o Senhor Jesus como Senhor e Salvador, o outro se
apresenta como senhor dessa vida. Judas foi escolhido por Jesus, mas o seu
coração não aceitou a escolha.
A vida
com Cristo nasce na morte da velha criatura e na renúncia completa do ser
natural para sermos outro. Quando Deus nos escolhe, chegamos a Cristo. “Todo
aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de
modo nenhum o lançarei fora” (João 6.37 | ARA). Chegamos a Cristo,
quando chegamos à Palavra. A vontade de ouvi-la se caracteriza como Deus nos
dando ao Senhor Jesus. Filipenses 2.13 nos ensina que Deus dá o querer e o
realizar. Ao receber o sacrifício do Senhor Jesus na cruz do Calvário, a velha
criatura morre e nasce a nova criatura, o seguidor de Cristo, o aluno, o servo,
o discípulo, o filho de Deus, aquele que agora vai aprender a Palavra do
Senhor e viver por tudo o que dela aprende.
“Então, disse
Jesus aos seus discípulos: Se alguém quiser vir após mim [segui-lO],
renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz [missão]
e siga-me; porque aquele que quiser salvar a sua vida perdê-la-á, e quem perder
a sua vida por amor de mim achá-la-á” (Mateus 16.24-25 | ARC).
Perceba
que o Senhor Jesus começa falando para os Seus discípulos, não para todo o
mundo: “Então, disse Jesus aos seus discípulos”, aos que
estavam aprendendo dEle. O mundo não compreende os ensinos de Jesus. Ele fala
aos Seus discípulos a regra básica da
aceitação: “Se alguém quiser vir após mim”. Esse alguém
nunca será obrigado; não existe salvação à força. Ninguém é obrigado a seguir o
Senhor Jesus; porém, se quiser vir, terá que renunciar a si mesmo. Algumas
pessoas se acomodam na religião e fecham os ouvidos ao que o Senhor está
falando. Não querem se dobrar à Verdade, e assim confundem o Reino de Deus
dentro de si mesmas. Pensam que o Reino de Deus é uma religião ou uma
denominação com a qual se identificam. Contudo, o Senhor Jesus ordena: “Renuncie-se
a si mesmo”, destitua-se do comando da sua vida, elimine todos os
seus valores passados. Desse modo, a pessoa entrega o seu caminho ao Senhor e
Ele tudo fará. É simples, é real, é verdadeiro. Essa fala do Senhor Jesus
precisa ser examinada cuidadosamente pelo coração que busca o entendimento do
que é a justiça de Deus da qual tanto ouvimos falar. Podemos dizer que a
justiça de Deus se encontra em todo o Seu caráter, Sua retidão, Seu amor; ela é
tratada por Sua Palavra, que detalha coisas grandes e pequenas, indo de uma
extremidade a outra. Vai desde a total abominação ao pecado até a entrega
sacrificial do Senhor Jesus para morrer no lugar do pecador, a favor do pecador,
para salvá-lo.
Para
compreendermos tudo isso, é necessário nascermos de novo, nascermos da água e
do Espírito. Sem o novo nascimento, é impossível compreender. Por quê? Porque o
homem natural não entende as coisas de Deus, as quais parecem loucura à vista
do seu raciocínio lógico. Assim, as coisas espirituais só espiritualmente são
compreendidas. “Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito
de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se
discernem espiritualmente” (1Coríntios 2.14 | ARC). Dessa maneira, fica
até engraçado ver e ouvir um intelectual religioso falar das coisas
espirituais. Ele segue direitinho a escrita, mas as revelações do Espírito de
Deus não estão ali. Por quê? Porque a letra mata, tira a vida que está ali no
Espírito. “Ele nos capacitou para sermos ministros de uma
nova aliança, não da letra, mas do Espírito, porque a letra mata,
mas o Espírito vivifica” (2Coríntios 3.6 | NVI). O Espírito dá vida; ela
floresce à sua frente e dentro de você. Por outro lado, a letra fica apenas no
intelecto. Desse modo, não há contato com Deus.
O véu do
Antigo Testamento continua encobrindo a visão dos que ainda não nasceram de
novo, que não se converteram. Vejamos o que diz a Palavra quando se reporta à
leitura de Moisés. “De fato, até o dia de hoje, quando Moisés é lido [a
lei], um véu cobre o coração deles. No entanto, quando alguém
se converte ao Senhor, o véu é retirado” (2Coríntios 3.15-16 |
NVI). Veja, o véu é retirado na conversão. Agora você vê o que não via antes.
Você aceitou ser escolhido por Cristo.
Portanto,
para compreendermos as coisas do Espírito de Deus, precisamos nos tornar filhos
de Deus, nascidos de novo, convertidos. Daí, é só mergulharmos nas águas do
Espírito, transbordarmos no sobrenatural de Cristo, como escolhidos do Reino,
nascidos de novo, felizes, eternamente felizes, na terra e no céu. Tudo isso vem
através da compreensão da Palavra; conhecendo o que ela é em você e quem você é
nela. Glória a Deus! Amém.
Na
alegria do Senhor, que é a nossa força,
Abdias
Campos, servo do Deus vivo