O
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) cortou o questionário
básico do Censo Demográfico 2020 de 37 para 25 perguntas. A versão mais enxuta é
aplicada em todos os domicílios brasileiros. No Censo de 2010, havia 34
perguntas. O anúncio foi feito hoje, em coletiva de imprensa.
Já
o questionário mais completo, que é aplicado numa amostra que equivale a 10%
dos domicílios, foi enxugado de 112 perguntas para 76 perguntas. No Censo 2010,
o questionário amostral tinha 102 questões.
"Hoje
o conselho diretor (do IBGE) aprovou a versão final do Censo 2020",
declarou Eduardo Rios-Neto, diretor de Pesquisas do IBGE.
O
Censo deixa de investigar a emigração internacional, a posse de bens de consumo
e informações sobre o tipo de domicílio.
No
questionário básico, também foram cortadas as perguntas sobre a renda de todos
os moradores. Os recenseadores passam a perguntar apenas sobre a renda do
responsável pelo domicílio.
Nas
simulações conduzidas pelo órgão, o corte das questões sobre renda no
questionário básico significou uma economia de 2 minutos nas entrevistas,
passando de 7 para 5 minutos de coleta, informou o diretor de Pesquisas do
IBGE.
"O
questionário leva em torno de 4,2 minutos, 4,3 minutos", contou Rios-Neto.
O
questionário amostral deixa ainda de perguntar sobre deslocamentos para a
escola, o estado civil das pessoas e número de horas trabalhadas. Também enxugaram
a coleta de dados sobre a renda do trabalho e de outras fontes.
A
presidente do IBGE, Susana Cordeiro Guerra, defendeu o corte no questionário do
censo, dizendo que o cenário atual é mais complexo do que o encontrado no censo
anterior, referente a 2010. Segundo ela, o avanço das tecnologias e das redes
sociais fez a população ter menos atenção para responder a um questionário
longo. Outro argumento para abreviar o tempo da coleta de campo seria o
agravamento da segurança pública.
A
presidente reconheceu que foi imposto ao órgão um quadro de restrição
orçamentária, e que estão se adequando, mas negou que o Ministério da Economia
tenha exigido um corte no questionário.
"Nunca
houve uma ordem para diminuir o número de perguntas do questionário. A única
coisa que houve foi um quadro de restrições orçamentárias. E o IBGE tem total
independência para decidir como vai se adequar a esse contexto. Mesmo sem
restrições orçamentárias estaríamos tomando mesmas decisões que estamos tomando
nesse momento para o censo demográfico", enfatizou Susana Cordeiro Guerra.
Segundo
a presidente, o objetivo maior é um censo de qualidade, menos custoso e sem
perda de informação, assegurando o compromisso com qualidade de cobertura e de
resposta.
"Ninguém
está vendendo ajustes no questionário como bala de prata, que fique bem claro.
Mas ajustes são necessários para se encarar essa coleta de campo de forma
responsável", defendeu. "Temos que conseguir entregar uma operação
25% mais enxuta. Ela tinha sido orçada inicialmente em R$ 3,1 bilhões para
2020. Com o corte de 25%, seria um ajuste de R$ 800 milhões, (o custo) ficaria
em torno de 2,3 bilhões. Não tenho orçamento de R$ 2 bilhões para isso, mas
temos que trabalhar com cenário em que esse corte possa acontecer", concluiu
Susana.
Daniela Amorim