As
atividades que envolvem força física, classificação e separação de objetos,
controle de estoques e operação de máquinas vão perder ainda mais espaço no
mercado de trabalho com a quarta revolução industrial. Em contrapartida,
profissões que envolvem aptidões cognitivas (raciocínio e o domínio de
linguagens), habilidades interpessoais (cuidado e o contato humano),
habilidades gerenciais e ligadas às ciências, tanto as da natureza quanto as
sociais ou aplicadas, terão maior espaço no futuro.
Foi
o que apontou o estudo “Tecnologias Digitais, Habilidades Ocupacionais e
Emprego Formal no Brasil”, divulgado ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea).
O
material revelou que houve uma expansão de 19,3% nos anos de estudo dos
trabalhadores formais civis no Brasil entre 2003 e 2017. A qualidade das
ocupações disponíveis, no entanto, não acompanhou esse crescimento.
A
escolaridade mínima média exigida para o desempenho das ocupações civis cresceu
apenas 3,5% no país, enquanto o nível médio de habilidades cognitivas exigidas
para o exercício dessas ocupações cresceu somente 4,1% no mesmo período. Isso
significa que, apesar do crescimento da escolaridade dos trabalhadores, o
Brasil não tem conseguido gerar empregos qualitativamente melhores de forma
significativa.
“A
população está cada vez mais escolarizada, mas isso não tem se traduzido em
empregos que exijam melhores habilidades”, ressaltou o economista Aguinaldo
Nogueira Maciente, coordenador de Estudos e Pesquisas em Trabalho e
Desenvolvimento Rural do Ipea e um dos autores da publicação.
ALERTA
SOBRE BAIXA QUALIFICAÇÃO
O
material faz ainda um alerta para os empregos de baixa qualificação, ainda
predominante no país, que poderão ser afetados no futuro próximo com a chegada
de novas tecnologias. Os pesquisadores destacaram que os estudos relacionados
aos impactos das novas tecnologias digitais sobre o emprego classificam as
atividades em rotineiras e não rotineiras. As primeiras seriam as mais afetadas
pelas novas tecnologias, passando a ser realizadas por máquinas e/ou
computadores.
“Uma
tarefa rotineira é aquela passível de desmembramento em passos previsíveis e
codificáveis numa sucessão de comandos lógicos”, diz o material.
No
entanto, o grau de complexidade das novas tecnologias vem permitindo que
máquinas e computadores modernos sejam capazes de desempenhar um conjunto cada
vez maior de atividades não rotineiras.
A
lista de atividades que poderão ser afetadas negativamente e positivamente
pelas novas tecnologias está sendo continuamente deslocada.
"Dirigir
carro e traduzir textos em diferentes idiomas, por exemplo, poderiam ser
consideradas atividades não rotineiras por não serem passíveis de se codificar
via sucessão de comandos lógicos. No entanto, ambas já podem ser desempenhadas
por máquinas ou computadores." - Estudo do Ipea.
Correio da Paraíba