Minha Infância, por Verinaldo Enéas

Nasci e cresci na zona rural, município de Sumé, hoje município de Amparo-PB, naquela época tirava notas azuis e morria de medo de notas vermelhas no meu boletim.

Nessa época não tínhamos Bolsa Família.... Tínhamos uniformes e material escolar comprados pelos nossos pais com muito suor; o calçado era conga ou kichute preto (uso obrigatório); não tínhamos celular... as pesquisas de escola eram feitas em bibliotecas da escola ou públicas e nas enciclopédias. O trabalho era escrito à mão e na folha de papel almaço, a capa era feita com papel sulfite. Tinha dever de casa para fazer, a Educação Física (o professor colocava a gente para correr 30minutos sem parar) era de verdade tínhamos carteirinha para dizer presente ausente e atrasado ainda cantávamos o Hino Nacional no pátio antes de ir para a sala de aula.

Na escola tinha o Gordo; a Magrela; a branca azeda; Quatro Olhos; a Baixinha; Olívia Palito; o Palitão; o Cabelo Bombril; o Negão; Periquito; Narigudo, a Girafa e por aí vai... todo mundo era zoado, às vezes até brigávamos, mas logo estava tudo resolvido e seguia a amizade... Era brincadeira e ninguém se queixava de bullying. Existia o valentão, mas também existia quem defendesse. O lanche era levado na lancheira ou dentro de um saco de pão.

Época em que ser gordinho (a) era sinal de saúde e se fosse magro, tínhamos que tomar o Biotônico Fontoura. A frase "peraí mãe " era para ficar mais tempo na rua e não no computador ou no celular...

Colecionavam-se figurinhas, bolinha de gude, papéis de carta, selos! As brincadeiras eram saudáveis, brincávamos de bater em figurinhas... e não nos colegas e professores. Adorava quando a professora usava mimeógrafo e aquele cheiro do álcool tomava conta da sala.

Na rua era jogar bola, queimado, pular corda, subir em árvores, pique bandeira, pular elástico; pique-esconde, polícia e ladrão; andar de bicicleta ou carrinho de rolimã; soltar pipa e balão; pera uva maça salada mista, boca de forno, pau na lata, bola de gude e ficar na rua até tarde.

Muitas vezes com a mãe tomando conta sentada no portão.

Comia na casa dos colegas.

Não importava se meu amigo era negro; branco; pardo; rico; pobre; menino; menina, todo mundo brincava junto e como era bom. Bom não, era maravilhoso! Assistia Pica-Pau; Tom e Jerry; Pantera Cor de Rosa; Papa Léguas; Sítio do Pica-Pau Amarelo; Corrida Maluca, He-Man e vários outros... quando adolescente fazíamos festas nas nossas casas. Eram chamadas de 'assustados". Muita música e brincadeiras super saudáveis.

Que saudades desse tempo em que a chuva tinha cheiro de terra molhada! Época em que nossa única dor era quando passava Merthiolate nos machucados. Felizes em comparação com esse mundo de hoje onde tudo se torna bullying. Nossos pais eram presentes, mesmo trabalhando fora o dia todo, educação era em casa, até porque, ai da gente se a mãe tivesse que ir à escola por aprontarmos. Nada de chegar em casa com algo que não era nosso, desrespeitar alguém mais velho ou se meter em alguma conversa. Xiiii... Era um tapa logo ou só aquele olhar de "quando chegar em casa conversamos (já sabia que iria apanhar)".

Tínhamos que levantar para os mais velhos sentarem. Fico me perguntando, quando foi que tudo mudou e os valores se perderam e se inverteram dessa forma?

Se você também é dessa época, copie e cole no seu mural, mude o que for necessário.

Copiei e colei, não tive muito o que mudar pois foi exatamente assim que vivi minha infância. Claro que tive um sorriso no rosto e lágrimas nos olhos enquanto lia esse texto e relembrei de vários bons momentos...

Quanta saudade, quantos valores, que para esta geração não vale nada! Grato por tudo que vivi e aprendi.

Esse é o relato da minha infância... quantas saudades!!!

FUI MUITO FELIZ!!! E SABIA.


Verinaldo Enéas, Professor

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem
Amparo Ligado