Nos últimos
dias vimos no noticiário dos jornais escritos e falados, principalmente aqui na
Paraíba, o quanto a minoria é desrespeita, seja por sua cor, por sua religião,
por sua opção sexual, por sua situação social ou econômica.
Na atualidade,
com o avanço da tecnologia, com o acesso cotidiano a informação, com a mudança
e evolução da mentalidade, não é possível manter ideias arcaicas e preconceituosas, que tanto
destrói nossa sociedade no dia a dia.
O respeito às
diferenças existentes entre cada ser humano constitui pressuposto de uma
sociedade democrática que, como tal, reconhecendo a singularidade de cada
indivíduo e a complexidade que disso emerge, assegura-lhe direitos e garantias
que, em verdade, são inerentes a toda e a qualquer pessoa.
Nesse
diapasão, o reconhecimento de direitos e garantias referentes à liberdade de um
ser humano (inclusive no que tange à sua orientação sexual) representa não uma
faculdade ou um "favor" conferido pelo Estado para o deleite de
pessoas determinadas. Não se trata de algo guardado no campo do supérfluo da
existência humana.
Com efeito, a
liberdade atinente à orientação sexual de cada pessoa, assim como, por exemplo,
a sua liberdade de consciência, de pensamento e de expressão, encontra
inquestionável guarida na esfera dos direitos humanos fundamentais, porquanto
intrínseca e visceralmente ligada ao indivíduo.
Partimos da
premissa óbvia de que um ser humano, em toda sua particularidade, ostenta
qualidades próprias, que lhe são indissociáveis, e que possui gosto e
preferências próprios, jamais subtraídos pela opinião alheia. Daí soar evidente
que eventual tentativa de constrangê-lo a "optar" por aquilo que não
se coaduna com uma simples "opção", ofenderia a sua dignidade como
pessoa, atentaria contra suas preferências e afeições, contrastando, ademais,
com a diversidade natural havida entre os seres humanos em suas respectivas
predileções.
É inegável o
caráter plural do brasileiro em função da mestiçagem de seu povo, pano de fundo
das expressões culturais mais diversas ao longo do território brasileiro.
Poderia parecer fácil e sem obstáculos falar a respeito de diversidade em um
país mestiço como o Brasil.
Por anos
viveu-se a hegemonia dos iguais, ficando difícil romper com essa visão e
perceber que a diversidade não é problema. A promoção da diversidade como valor
é a condição que viabiliza o surgimento do novo. Costuma-se colocar o
"diferente" na figura do outro, que se torna um dessemelhante. É
necessário que se perceba que todos somos diferentes. "Não há um lugar
'normal' de onde se olha a humanidade à procura dos 'outros'. Somos todos
diversos e promover a diversidade é valorizar essa condição".
É necessário
ir além da constatação de que somos todos diferentes. É preciso localizar e
corrigir as distorções minorando ou eliminando os mecanismos produtores de
desigualdade.
Não se trata
de fazer ufania das diferenças, desconsiderando os critérios de competência e
habilidades pessoais. Ao contrário, trata-se de detectar aqueles talentos
socialmente emudecidos, para que todos ganhem com a convivência e participem da
promoção incondicional da diversidade como valor.
Assim, a idéia
de diversidade se coloca nesse momento como um valor a ser perseguido. No
cotidiano das organizações a busca pela representação da diversidade humana em
seu bojo deve traduzir-se em ações concretas, que vão desde uma redefinição da
política de recursos humanos até a revisão das atitudes de todos os
colaboradores.
O respeito à
diversidade como valor implica em atitudes pró-ativas que levem da contemplação
à ação cotidiana. Este respeito pode ser medido em graus, seja em uma sociedade
ou uma organização, o que nos permite medir o quanto elas se empenham no
sentido da promoção da diversidade.
Assumir
medidas afirmativas, ou seja, "medidas especiais e temporárias que têm por
objetivo eliminar desigualdades historicamente acumuladas, garantindo a
igualdade de oportunidades e tratamento, bem como compensar perdas provocadas
pela discriminação e marginalização por motivos raciais, étnicos, religiosos,
de gênero e outros" pode contribuir para, através da convivência, dirimir
os efeitos da segregação.
Assim, a
política de adoção de cotas para negros nos vestibulares, de cotas para pessoas
com deficiência nos concursos públicos e a contratação de colaboradores que
representem a diversidade social são exemplos de ações afirmativas, embora não
se esgotem nelas.
Qualquer
mudança social é complexa e requer alterações em diferentes níveis de
intervenção, tais como, vivencial, social, cultural, econômico e político.
As ações
afirmativas visam atingir os níveis vivencial, social e cultural,
possibilitando, através da convivência, a quebra de preconceitos arraigados.
Isso não é
pouco. A convivência, a participação social, educacional e econômica dos grupos
minoritários na vida da comunidade gerará uma cadeia de transformações que, num
crescente, abre possibilidades de interferência nos níveis político e
econômico.
Bastante
discutido nos dias de hoje ainda é a opção sexual de cada pessoa. Aceitar e
respeitar a orientação sexual do outro parece algo impossível para a grande
maioria das pessoas. A orientação sexual que foge da normativa imposta pela
sociedade a séculos, infelizmente após quase 40 anos de comprovação médica,
ainda é vista por muitos como uma doença, um desvio de personalidade. É preciso
que as pessoas aceitem e respeitem as outras pelo o que elas são, e não por sua
orientação sexual. Todos são iguais. Todos pagam impostos. Todos sofrem as
penalidades da lei se necessário. Todos fazem parte da mesma sociedade. E é
necessário um exercício de respeito diário para que o preconceito seja vencido.
O respeito
à diversidade é uma forma de garantir que a cidadania seja exercida e os
vínculos sociais fortalecidos. Trata-se de uma atitude política para com a
diversidade gerada pelas diferenças de classe, gênero,
etnia, opção sexual, capacidades, enfim, de atributos que fazem parte da
identidade pessoal e definem a condição do sujeito na cultura
e na sociedade, em busca de uma sociedade igualitária, de um mundo sem
preconceito, aonde o principio seja o respeito ao próximo.
Outrossim,
cabe a todo cidadão, não fazer julgamento, não se colocar acima do bem ou do mal, mas respeitar o
próxima, assim, teremos uma sociedade mais justa e mais igualitária, menos
excludentes, e a certeza de dias melhores.
VERINALDO
ENEAS DA COSTA
(PROFESSOR DE FILOSOFIA)
Parabéns pelo artigo professor, ótimo assunto para ser debatido nos dias atuais, pena que ainda algumas pessoas não aprenderam que somos todos iguais independente de qualquer coisa.
ResponderExcluirA ideia Junior é discutir o tema com todo e qualquer segmento, no sentido de contribuir, para uma sociedade menos excludente, voltada para o respeito ao próximo.
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