As
bandeirolas não foram penduradas nas praças que seriam palco do arrasta-pé. A
cerveja e o licor que seriam consumidos com voracidade entre um forró e outro
ficaram nas prateleiras. E as barracas que venderiam pratos típicos como bolos
e canjicas sequer abriram as portas.
O
cancelamento e adiamento das festas de São João em função da pandemia do novo
coronavírus deve resultar em um prejuízo de pelo menos R$ 1 bilhão na economia
dos principais estados do Nordeste.
A estimativa
refere-se apenas às maiores festas juninas de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande
do Norte e Bahia. Mas o impacto é muito maior, já que são realizados arraiás de
pequeno porte em quase todas as cidades nordestinas.
As cidades
de Caruaru (PE) e de Campina Grande (PB), que realizam as duas festas de São
João mais famosas do Brasil, deixaram de movimentar, juntas, R$ 400 milhões
durante o período junino. Em Mossoró (RN), a festa previa uma movimentação de
R$ 94 milhões, impacto frustrado pela pandemia.
Além da
festa em si, o ciclo junino impacta toda uma cadeia produtiva, que inclui a
produção de pratos típicos, licor artesanal, fogos de artifício, transporte
aéreo, rodoviário, hotelaria e até aluguel por temporada de casas.
“A
importância econômica do São João é gigante. Imagine que muitas pessoas passam
o ano inteiro para colocar sua atividade comercial dentro do cenário da festa.
Vivem na dependência de realização do evento”, afirma o prefeito de Campina
Grande, Romero Rodrigues (PSD).
Na cidade,
onde a movimentação de turistas começa ainda em maio, com a realização de
festas privadas, o São João movimenta R$ 200 milhões e gera uma receita de ICMS
(Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços) em junho que supera o
mês de dezembro.
Em Caruaru,
que atrai cerca de três milhões de pessoas durante o ciclo junino, o
cancelamento da festa teve um impacto forte na geração de postos de trabalho.
Ao todo, cerca de 12 mil empregos diretos e indiretos eram gerados na cidade
nesta época do ano.
com Jornal Folha